Resenha 70: O Tolo e seu inimigo (Jeffrey Nyquist)

Resenha 70

O Tolo e seu Inimigo – Contribuição para uma metafísica do mal.

Autor: Jeffrey Nyquist

Campinas, SP: Vide Editorial, 2017, 176 pp.

 

Tradução: Alessandro Cota.

Título Original: The Fool and His Enemy.

Categoria: Ciência Política.

 

 

Jeffrey Nyquist é um renomado analista político, especialista em Comunismo, que mantém seu foco voltado para a ameaça totalitária e o iminente perigo do fim da civilização ocidental. Atualmente é um jornalista independente e tem se destacado como um exímio escritor. Um de seus livros mais celebrados é Origins of the Fourth World War (você já deve ter captado o que ele entende ser a terceira guerra mundial) é bem elaborado e mais sofisticado. Já O Tolo e seu Inimigo é escrito em linguagem mais direta, simples e cativante.

A obra se divide em 5 capítulos e nos apresenta dois grandes personagens no cenário politicamente correto da política internacional: o tolo (que jura ser esperto e imbatível) e os seus inimigos (apresentados como guerreiros da fraternidade universal). Ou seja, apesar da imprescindibilidade de dinstinguir entre amigo e inimigo, conforme escreveu Carl Schimitt, o Ocidente de maneira genérica não consegue enxergar inimigo algum.

No capítulo 1, Nyquist apresenta o pensamento do “tolo” da seguinte maneira: não existem inimigos, pois a sociedade busca a “paz universal”. Sem inimigos não pode haver guerra; é balela que o Islã é inimigo da Europa há séculos; na verdade, o conflito não existe; ele é fruto de focos isolados de uns poucos terroristas e se intensifica pelo preconceito e intolerância por parte de conservadores, opressores e islamofóbicos. A crença de que a Rússia deseja reconquistar seu Império perdido e que a China deseja dominar o Pacífico faz parte da mais pura teoria da conspiração. Para o tolo, o o xenófobo e o homofóbico tentam ver inimigos onde eles não existem. A culpa da crise mundial é dos reacionários (que ainda insistem no Ocidente). A solução é que eles se tornem muçulmanos ou marxistas ou que lutem arduamente pelo desarmamento internacional (um pouquinho do espírito Heal the World já seria um bom começo).

A nova religião é o globalismo e os primatas religiosos (fundamentalistas cristãos) logo sumirão. A família burguesa sumirá e só haverá casamento homossexual (a bissexualidade e a engenharia genética tratarão de perpetuar a raça – ou seria deformá-la?). Não haverá mais nações, apenas cidadãos do mundo (para a felicidade de George Soros). Autores anti-globalistas semelhantes a Jeffrey Nyquist para os tais “tolos” merecem ir ao manicômio por tais ideias: ele (Nyquist) defende aquela sociedade escravagista, machista e opressora. Recrimina os “tolos” por não jurarem mais à bandeira; além disso, ele ainda comete o temível pecado de gostar de Aristóteles (outro autor “machista”). Qual a estratégia dos tolos? Ignorar o autor (foi o que tentaram fazer com ele e com Olavo de Carvalho. Graças a Deus estes dois autores “loucos e retrógrados” não foram silenciados). Os “tolos” ficam enfurecidos com a ideia de que o Islã e o homossexualismo ocasionarão a morte da civilização europeia, por meio das migrações e do controle das escolas e universidades. O flanco norte-americano já se abre também e o Brasil já sente na pele os primórdios de tal realidade. Alguns temem e tentam preservar a tradição judaico-cristã (o presidente Jair Messias Bolsonaro é um exemplo), mas os tolos só sabem celebrar, festejar e lacrar contra a “maldita direita”.

Enquanto alguns lutam pelo “vil metal”, os grandes militam pela alma dos homens. Quem conquista a alma, conquista o corpo e tudo mais. Para isto, o “inimigo” utiliza quatro grandes armas: desejo de justiça social, luta contra o aquecimento global, paz mundial e prosperidade universal.

Esta luta do exército dos “inimigos” começou com os ricos e reformistas sociais na revolução de 1848 (Marxismo), avançou em 1917 (Revolução Russa), teve seus efeitos trágicos no Stalinismo e Hitlerismo e varreu o Leste Europeu no Pós-Guerra. Este trem continua em altíssima velocidade prestes a descarrilhar. Até porque o Comunismo não morreu em 25 de dezembro de 1991.

“Um tolo vitorioso não está em melhor situação que seu inimigo derrotado” (pp. 31, 32). Quem é honrado hoje, some amanhã (já nos dizia o profeta Daniel ao interpretar o sonho de Nabucodonosor). O otimismo narcísico, por exemplo, do exército norte-americano que ostentava seu orçamento (parte dele gasto em planos de saúde e aposentadorias gordas) no governo Obama ainda é uma das principais linhas de defesa do Ocidente (mas nem só de exército sobrevive o Ocidente, mas de toda a preparação cultural, moral e espiritual). A Europa por sua vez parece não querer reagir, mas quem não acredita em nenhuma ameaça não precisa se defender de ninguém (Paris que o diga em meio à onda de vandalismo que solapa a cidade).

Para Nyquist, o advento do milênio socialista é a fantasia mais enganosa da história humana. Os construtores da torre de Babel moderna são os globalistas que creem na fraternidade humana. A torre de Babel de hoje e a de ontem são religiões seculares. Estamos buscando o nosso fim quando queremos ser criadores e não criaturas. Um novo ser inteligente e grotesco e anti-Criador começa a demonstrar sua fisionomia horripilante no grande Ultrassom 3D do Homus social, tal qual um Dr. Frankenstein Shelleyano do século XXI. O exército babélico deste homem social tem mais soldados trabalhando para a desinformação do que para a Defesa Nacional. Os “tolos” acreditam neste milênio e fazem tudo o que onda global determina que eles façam, mesmo que isto implique na imbecilidade maciça dos indivíduos.

 No capítulo 2, o autor apresenta os beneficiados pela onda globalista. Políticas desarmamentistas que prometem beneficiar a população contra os altos índices de homicídios, na verdade beneficiam milícias, o narcotráfico e grupos financeiros e metacapitalistas que se fortalecem cada vez mais com o “genocídio” produzido pela onda desarmamentista. É só observar os exemplos da Venezuela, Brasil, Equador e Bolívia.

Nyquist crê que uma das principais estratégias comunistas, implantada por George Arbatov, foi afirmar que a Rússia não era mais uma inimiga. Vendendo uma imagem de progressimo, Arbatov, pertencente à KGB, conseguiu ludibriar conservadores, progressistas e, segundo Nyquist, até mesmo o pregador Billy Graham.

O grande problema é que os líderes dos governos legítimos sempre estão dispostos a fazer parcerias com os “criminosos” dos governos totalitários. Analistas perdem seu emprego se falarem mal da ameaça do Partido Comunista Chinês (vejam o caso do próprio Jeffrey Nyquist e Olavo de Carvalho).

Os jornalistas “tolos” não possuem mais nenhum senso de apego aos valores do Ocidente. Mas a história mostrará a insignificância pública de tais pessoas:

 

Se alguma forma de sociedade livre e civilizada deverá sobreviver, então todos os que adaptaram seus escritos para que se conciliassem com o totalitarismo merecem o esquecimento literário, e serão seguramente amaldiçoados pela posteridade. Essa gente é vazia e destituída de caráter e sentimentos verdadeiros. (p. 56)

 

O que esses tais tolos promovem? O discurso atenuado entre capitalismo e socialismo. Movidos pela ideia da inexistência de inimigos militam pela abertura de fronteiras. Certamente quem se beneficiou com tal abertura não foi a Europa, mas o Islã, a Rússia e a Coreia do Norte.

O Marxismo Cultural somado à total empatia da direita em tomar um lugar público de influência séria sobre a nação massificam a população e as tornam sujeitas e vulneráveis a qualquer engodo político. Já não somos mais moldados por livros, sermões ou jornais impressos. A TV (e hoje a internet) possui nossa total confiança e deleite. Nas palavras do autor:

o problema não é simplesmente que a televisão dê ao telespectador informação falsa ou imprecisa, mas que o telespectador saia convencido de que conhece a verdade quando, de fato, simplesmente absorveu um conjunto de imagens enganadoras cuidadosamente editadas. (p. 69)

 

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Diante da predominante influência da TV, nossa sociedade está cada vez mais viciada no anormal (funk, Anitta, carnaval como patrimônio público). A continuar neste ritmo, o socialismo logo substituirá o Cristianismo (será uma espécie de Cristianismo sem Cristo). Enquanto os heróis nacionais permanecerem sendo os mesmos de Cazuza, em breve a drogadição alcançará proporções alarmantes. Enquanto isso, aqueles que de fato têm Cristo como herói são cada vez mais diminutos.

No capítulo 3, a temática desenvolvida é a nova religião, que nega a realidade do espírito e só reconhece a existência da matéria. Tal ideia ganha cada vez mais destaque nos seminários da velha religião. O objetivo é exatamente fazer com que esta “senhora senil” vá a óbito o mais rápido possível. A nova religião promete o céu na terra, mas a transforma num verdadeiro inferno. E quando tudo dá errado, no melhor estilo “Edir Macedo” transferem a culpa do indivíduo para Deus, criando personagens sociais cada vez mais arrogantes e presunçosos.

No capítulo 4, Nyquist traz a discussão para o âmbito da família. Aponta que nós estamos desaparecendo como nação e como ocidentais. A maternidade não é mais sagrada; simplesmente ela é odiada. Diante de um Estado-babá que não valoriza o patriarcado (pais protetores) e patriotismo (guerreiros protetores), os tolos são facilmente enganados. Estas pessoas cada vez emburrecem mais porque negligenciam a defesa daquilo que precisa ser defendido: a mulher, a criança, a família e a nação.

Ele conclui a obra no capítulo 5, falando dos resultados nefastos do comunismo: juízo e ruína. Uma sociedade que entroniza a criatura e seus padrões anti-Criador, numa verdadeira subversão da criação nos padrões sexuais, genéticos, morais e espirituais, certamente sucumbirá, tal qual Babel. Apesar desta subversão, o padrão religioso permanece: a revolução silenciosa dá lugar à revolução sangrenta que dizimará boa parte da população e apaziguará a ira dos deuses por meio do sacrifício humano (vocês devem se lembrar do personagem Thanos do filme “Vingadores 4”). Mas ele nos relembra, em concordância com a Eclesiologia Católica, que no Cristianismo não é Deus que se alimenta de homens, mas o homem que se alimenta de Deus. O autor ainda fala de estarmos atentos aos sinais e aos milagres da Antiguidade e da atualidade. A única forma de não sucumbir é vindicar nossa espiritualidade. Ele exemplifica isto por meio do que foi relatado em Fátima no ano de 1917: um alerta contra a ameaça comunista.

O autor é muito criticado pelo caráter pessimista de sua obra, mas ele traz um desfecho revigorante:

Chegamos à época em que o tolo será reapresentado ao seu inimigo. Uma vez que a auto-ilusão for exaurida, uma guerra terrível deve começar, mas reconquistaremos a clareza a partir dela. Não importa quão grande seja a destruição, a sociedade vai se recuperar e uma nova civilização será construída sobre as ruínas da antiga. (p. 175).

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